Vivi durante anos uma vida que não era minha
Por tantos anos fui marionete de mim mesma
Figurante de um espetáculo sem atores e sem platéia.
Dublei corpos e sentimentos
Vivi tanto em função de outrem
Que me ‘perdi dentro de mim’ mesma.
Depois gastei anos me procurando...
Ninguém me via, nem me conhecia.
Busquei na memória alguma pista
E tinha personagem para todos os gostos:
Mocinha, vilã, bailarina, cortesã...
Menos eu.
Até que lá num cantinho sombrio
Vi uma menina que se automutilava
E chorava em silêncio.
Mutilava-se
Para que o sangue que sua alma chorava
Pudesse escorrer corpo a fora
Para não morrer sufocada...
Eu conseguia compreendê-la
Sem ao menos trocar palavras.
E vendo o sangue que deixava seu corpo
Me senti, pela primeira vez na vida, aliviada e em paz.
E quando finalmente vi seu corpo tombar no chão
Percebi que aquela menina
Era quem eu tanto procurava...
Ela precisou morrer
Para que eu pudesse me encontrar.
19 de agosto
Nathy
adorei esta poema parece muito com as que eu escrevo...
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