domingo, 19 de agosto de 2012

Marionete



Vivi durante anos uma vida que não era minha

Por tantos anos fui marionete de mim mesma

Figurante de um espetáculo sem atores e sem platéia.

Dublei corpos e sentimentos

Vivi tanto em função de outrem

Que me ‘perdi dentro de mim’ mesma.

Depois gastei anos me procurando...

Ninguém me via, nem me conhecia.

Busquei na memória alguma pista

E tinha personagem para todos os gostos:

Mocinha, vilã, bailarina, cortesã...

Menos eu.

Até que lá num cantinho sombrio

Vi uma menina que se automutilava

E chorava em silêncio.

Mutilava-se

Para que o sangue que sua alma chorava

Pudesse escorrer corpo a fora

Para não morrer sufocada...

Eu conseguia compreendê-la

Sem ao menos trocar palavras.

E vendo o sangue que deixava seu corpo

Me senti, pela primeira vez na vida, aliviada e em paz.

E quando finalmente vi seu corpo tombar no chão

Percebi que aquela menina

Era quem eu tanto procurava...

Ela precisou morrer

Para que eu pudesse me encontrar.



19 de agosto

Nathy


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